quinta-feira, 10 de março de 2011

Eu não sou superior a ninguém... e nem inferior, diga-se de passagem para os que não perdem a oportunidade da imagem ilusória.

Eu não nasci com olhos azuis, nem fui criada com acesso a cultura da elite.

Umas coisas acontecem assim, com umas pessoas acontece assim. Elas simplesmente são muito boas no que fazem, se tornam indispensáveis para determinadas funções e um belo dia entram pela porta da frente com um tapete vermelho estendido recebendo o reconhecimento de seu trabalho. Considero essas pessoas admiráveis, porque ascender não é fácil, o vírus da superioridade é seletivo e só se apega a quem faz do mérito sua principal razão de ser, isso me parece bastante nobre.

Em contrapartida, quem sou me diz para a cada dia mais ser eu mesma. Preciso ser eu mesma, porque não há ninguém no mundo igual a mim [não estou falando de mérito]. Falo de autenticidade que é a minha busca constante. É claro que não pretendo constituir um caminho onde eu nunca não receba méritos, apenas decido por ser quem verdadeiramente sou. Se minha função é uma, não serei duas porque a aparência de dois não me satisfaz, não me preenche a alma, os anseios e não me traz felicidade.
Parece-me bastante incômodo para os outros que eu insista em não fazer da aparência uma arma, é que não sei fazê-lo, fracasso nesse tipo de empreitada, no entanto, são muito sólidas e felizes minhas empreitadas com a bandeira da naturalidade, da autenticidade. Cada um luta com as armas que tem. Se conhecer, se aceitar e se criar foram os caminhos que me constituíram como pessoa, não desejo abrir mão dos aprendizados que obtive errando. Eu aprendo com meus erros, vocês também. Eu aprendi com os filósofos, vocês também. Eu desencontro-me quando não sou o que pareço, vocês também.
Ir contra a ordem constituída não faz parte de minha natureza, fui ensinada a ser mansa, minha classe toda foi ensinada assim. Agora ser o que não sou também é contra minha ordem pessoal. Não nasci pra mártir, mas não tenho medo das represálias a que me disponho.
Eu só pretendo com isso tudo, dizer que quero, luto e contribuo com um princípio de justiça que não faz parte do vigente, que não "avançou" para a guerra, para escravidão, para exploração, para o sentimento de superioridade que foi nutrido em algumas classes, em algumas raças, em alguns espaços.